quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Santo António
de Sant'Anna Galvão

Sacerdote franciscano

fundador do Mosteiro da Luz (São Paulo)

da Ordem da Imaculada Conceição

Frei António de Sant'Anna Galvão nasceu em 1739, em Guaratinguetá, São Paulo (Brasil). O ambiente familiar era profundamente religioso. O pai, António Galvão de França, era imigrante português e Capitão-mor da cidade. Sua mãe, Isabel Leite de Barros, era filha de fazendeiros, bisneta do famoso bandeirante Fernão Dias Pais, o "caçador de esmeraldas".
António viveu com seus irmãos numa casa grande e rica, pois seus pais gozavam de prestígio social e influência política. O pai, querendo dar uma formação humana e cultural segundo suas possibilidades económicas, mandou o filho com a idade de 13 anos para o Colégio de Belém, dos padres jesuítas, na Bahia, onde já se encontrava seu irmão José. Lá fez grandes progressos nos estudos e na prática cristã, de 1752 a 1756.
Queria tornar-se jesuíta, mas por causa da perseguição movida contra os jesuítas pelo Marquês de Pombal, seu pai o aconselhou a entrar para os franciscanos, que tinham um convento em Taubaté, não muito longe de Guaratinguetá.
Assim, renunciou a um futuro promissor e influente na sociedade de então, e aos 21 anos, entrou para o noviciado na Vila de Macacu, no Rio de Janeiro. Lá distinguia-se pela piedade e virtudes. A 16 de Abril de 1761 fez seus votos solenes. Um ano após foi admitido à ordenação sacerdotal, pois julgaram seus estudos suficientes. Este privilégio mostra a confiança que nutriam pelo jovem clérigo. Foi então mandado para o Convento de São Francisco em São Paulo a fim de aperfeiçoar os seus estudos de filosofia e teologia, e exercitar-se no apostolado. Data dessa época a sua "entrega a Maria", como seu "filho e escravo perpétuo", consagração mariana assinada com seu próprio sangue a 9 de Novembro de 1766.
Terminados os estudos foi nomeado Pregador, Confessor dos Leigos e Porteiro do Convento, cargo este considerado de muita importância, pela comunicação com as pessoas e o grande apostolado resultante. Foi confessor estimado e procurado e, muitas vezes, quando era chamado ia sempre a pé mesmo nos lugares mais distantes.
Em 1769-70 foi designado Confessor de um Recolhimento de piedosas mulheres, as "Recolhidas de Santa Teresa", em São Paulo. Neste Recolhimento encontrou Irmã Helena Maria do Espírito Santo, religiosa de profunda oração e grande penitência que afirmava ter visões pelas quais Jesus lhe pedia para fundar um novo Recolhimento. Frei Galvão, ouvindo também o parecer de pessoas sábias e esclarecidas, considerou válidas essas visões.
No dia 2 de Fevereiro de 1774 foi oficialmente fundado o novo Recolhimento, com hábito, regra, constituições, tradições e maneira de Rezar da Ordem da Imaculada Conceição, fundada por Santa Beatriz da Silva.
Em 23 de Fevereiro de 1775, um ano após a fundação, Madre Helena morreu improvisamente. Frei Galvão tornou-se o único sustentáculo das Recolhidas, missão que exerceu com humildade e grande prudência. Enquanto isso o novo Capitão-general de São Paulo, homem inflexível e duro, retirou a permissão e ordenou o fechamento do Recolhimento. Fazia isso para opor-se ao seu predecessor, que havia promovido a fundação. Frei Galvão aceitou com fé e também as recolhidas obedeceram, mas não deixaram a casa e resistiram até os extremos das forças físicas. Depois de um mês, graças a pressão do povo e do Bispo, o recolhimento foi aberto.
Devido ao grande número de vocações, o Servo de Deus se viu obrigado a aumentar o recolhimento. Durante 14 anos cuidou dessa nova construção (1774-1788) e outros 14 para a construção da igreja (1788-1802), inaugurada a 15 de Agosto de 1802. Frei Galvão foi arquitecto, mestre de obras e até pedreiro!
Frei Galvão, além da construção e dos encargos especiais dentro e fora da Ordem Franciscana, deu toda a atenção e o melhor de suas forças à formação das Recolhidas. Era para elas verdadeiro pai e mestre. Para elas escreveu um estatuto, excelente guia de vida interior e de disciplina religiosa. Esse é o principal escrito de Frei Galvão, e que melhor manifesta a sua personalidade.
Frei Galvão era considerado santo já em vida e a cidade fez dele o seu prisioneiro. Em várias ocasiões as exigências da sua Ordem Religiosa pediam que se mudasse para outro lugar para realizar outras funções, mas tanto o povo e as Recolhidas, como o bispo, e mesmo a Câmara Municipal de São Paulo intervieram para que ele não saísse da cidade. Diz uma carta do "Senado da Câmara de São Paulo" ao Provincial (superior) de Frei Galvão: "Este homem tão necessário às religiosas da Luz, é preciosíssimo a toda esta Cidade e Vilas da Capitania de São Paulo, é homem religiosíssimo e de prudente conselho; todos acorrem a pedir-lho; é homem da paz e da caridade".
Frei Galvão viajava constantemente pela Capitania de São Paulo, pregando e atendendo as pessoas. Fazia todos esses trajectos sempre a pé, não usava cavalos nem a 'cadeirinha' levada por escravos, o que era absolutamente normal para aquele tempo. Vilas distantes 60 km ou mais, cidades do litoral, ou mesmo viajando para o Rio de Janeiro, enfim, não havia obstáculos para o seu zelo apostólico. Por onde passava as multidões acorriam. Ele era alto e forte, de trato muito amável, recebendo a todos com grande caridade.
Frei Galvão era homem de muita e intensa oração, e dele se atestam certos fenómenos místicos, como os êxtases e a levitação. São famosos em sua vida os casos de bilocação: estando em determinado lugar, aparecia em outro, improvisamente, para atender um doente ou moribundo que precisava da sua atenção. Era também procurado para a cura, em tempos em que não havia recursos e ciência médica como hoje.
Em 1811, a pedido do bispo de São Paulo, Frei Galvão fundou o Recolhimento de Santa Clara em Sorocaba, São Paulo, onde permaneceu por 11 meses para encaminhar a nova fundação e comunidade. Posteriormente, após a sua morte, outros mosteiros foram fundados por essas duas comunidades, seguindo assim, a orientação deixada pelo Beato.
Faleceu em 23 de Dezembro de 1822 e a pedido do povo e das irmãs foi sepultado na igreja do Recolhimento da Luz, que ele mesmo construíra.
Foi beatificado em 25 de Outubro de 1998 pelo papa João Paulo II e Bento XVI canonizou-o em 2007.

(fonte: cf.
Santos do Brasil.org)

Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz
Avenida Tiradentes, 676 - Bairro da Luz
01102-000 São Paulo SP

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