quinta-feira, 15 de abril de 2010

Apostolado monástico:
“Queríamos ver a Jesus.”
(Jo 12,21)
A vida monástica, fielmente vivida, está intimamente unida com o zelo pela extensão do Reino de Deus e a salvação de todos os homens. Os Monges levamos no coração esta solicitude apostólica, contudo somos chamados a “ser” testemunho de radicalidade evangélica. Somos chamados a “falar pela nossa vida” e não pelo anúncio formal do Evangelho. Mais do que “falar” de Deus, somos chamados a “mostrar” Deus.
Os Monges somos chamados a “mostrar Deus” aos Homens e a “falar a Deus” dos Homens.
A vida contemplativa é uma forma própria de participar na missão de Cristo e da Igreja e, de se inserir na Igreja Local. Em consequência, por muito que urja a necessidade de apostolado activo, não podemos ser chamados a colaborar nos diferentes ministérios pastorais, nem prestar serviço em actividades externas.
Proclamando, pela nossa vida, a primazia absoluta de Deus Uno e Trino, os Monges, mergulhamos em Deus e d’Ele vivemos, atingindo directamente o Seu Coração e despertando n'Ele, pela oferta radical, alegre e generosa da nossa vida e pela nossa oração contemplativa, uma fecundidade apostólica misteriosamente operante e eficaz, que se converte em chuva generosa e gratuita de bênçãos, para a Igreja e para o cosmos: “…enquanto Moisés tinha as mãos levantadas, era Israel o mais forte; mas quando descansava as mãos, o mais forte era Amalec. Mas as mãos de Moisés ficaram pesadas. Pegaram então numa pedra e puseram-na debaixo dele, e ele sentou-se sobre ela. Aarão e Hur sustentavam as mãos dele, um de um lado e outro do outro. E assim as mãos dele permaneceram firmes até ao pôr-do-sol." (Ex 17, 11-12).
Mediante a nossa resposta positiva, feliz e generosa, a viver em intimidade com o Senhor: “… ficai aqui e vigiai comigo” (Mt 26, 38), convidamos toda a comunidade eclesial “a nunca perder de vista a vocação suprema, que é permanecer sempre com o Senhor” (Vita Consecrata, 7). Procuremos, os Monges, incansavelmente contemplar Cristo, montando desta forma "uma guarda santa e perseverante, na expectativa da vinda do seu Mestre para lhes abrir logo que ele bater à porta" (Carta de São Bruno da Cartuxa a Raul, 4); isto constitui um apelo encorajador a que todos os cristãos permaneçam vigilantes na oração a fim de acolher o seu Senhor! (cf. João Paulo II aos Cartuxos, 1 [14 de Maio de 2001]) Os monges “Buscando Cristo e fixando o olhar nas realidades eternas, convertem-se em oásis espirituais que indicam à humanidade a primazia absoluta de Deus, através da adoração contínua dessa misteriosa, mas real presença divina no mundo, e da comunhão fraterna vivida no mandamento novo do amor e do serviço recíproco” (Bento XVI, [20 de Novembro de 2008], na audiência os participantes da assembleia plenária da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica).
Os Monges somos chamados, e estamos encarregues de ajudar o Senhor na Sua Obra redentora. Somos chamados por Deus e pela Igreja a “indicar ao mundo o que é o essencial: buscar Cristo e não antepor nada ao seu amor” (Bento XVI, [20 de Novembro de 2008], na audiência os participantes da assembleia plenária da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica). Fazemo-lo com a nossa vida sacramental, com o nosso trabalho, a nossa renúncia e sobretudo com o nosso amor. Quanto mais escondidas, secretas e desconhecidas forem estas atitudes mais valor têm. Exactamente por isso, ninguém espera do monge outra actividade, senão e que por amor, derrame - sem utilidade aparente - sobre os pés de Jesus, o precioso perfume das suas capacidades humanas - "Maria ungiu os pés de Jesus com uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, e enxugou-lhos com os seus cabelos" (Jo 12,3) - , da sua escolha radical e do seu amor absoluto por Deus e que, inunde a Igreja e o mundo com a fragrância - "A casa encheu-se com a fragrância do perfume” (Jo 12, 3) - de um testemunho verdadeiramente evangélico que aponte para Deus.

1 comentário:

Pedro Moreira disse...

Caríssimas Irmãs em Cristo,

Dou graças a Deus pela vocação a que Ele vos chama.

É inspiradora a vossa vida, e convite a que vivamos cada vez mais com Ele, por Ele e para Ele... cada vez com menos queixumes, cada vez com mais silencio sadio, cada vez dando mais graças a Deus apenas porque sim.

Faço votos que sejam cada vez mais fieis ao seu chamamento e se sintam cada vez mais realizadas com a alegria puríssima de quem tem o Espírito Santo dentro de si.

Unidos em Cristo,

Pedro