sábado, 16 de outubro de 2010

«Leccio Divina»
“Este é o meu Filho muito amado. Escutai-o.” (Mc 9, 7)
A «Leccio Divina» trata-se de uma leitura que tem a Deus por objecto. São Gregório Magno dirá dela que é “a arte de estudar o coração de Deus”. Trata-se portanto de uma leitura orante que alimenta e conduz ao encontro pessoal com Deus. (cf. AA.VV., “Conformar la mente y el corazón com Jesucristo y su Madre Inmaculada, según la forma de vida de Santa Beatriz - Formación Concepcionista”, Edição da Orden de la Inmaculada Concepción (Confederación de Santa Beatriz), Cuenca, 2010, pg. 464)
O “Verbo de Deus” fez-se «Escritura» antes que se fizesse «Carne» e «Sangue» no seio Virginal de Maria. Assim, o alimento, o “Maná” que dá vida aos que procuram a Deus no Deserto da "Toda Pura" e propiciam Esse encontro, só pode ser a Sagrada Escritura.
A «Leccio Divina» assídua, fomenta sobremaneira a fé dos monges, a sua procura de Deus e o seu encontro com o próprio Deus. Esta excelente prática da vida monástica, na qual se escuta e rumina a Palavra de Deus, é fonte de oração e escola de contemplação, na qual o monge, que se refugia no Deserto do clautro, dialoga de coração a coração com Deus Uno e Trino, cresce na intimidade: “Eu estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, Eu entrarei na sua casa e cearei com ele e ele comigo” (Ap 3, 20) e no conhecimento amoroso do Amado e da Sua Palavra. Não pelo saber e conhecimento intelectual, ainda que seja bom e necessário, mas para amar, pois “Quem não conhece não ama”.
“É a partir desta escuta orante da Palavra que se eleva nos mosteiros uma oração silenciosa, que se converte em testemunho para todos que são acolhidos como se fossem o próprio Cristo nestes lugares de paz.” (Bento XVI)
Na «Leccio Divina» Deus toma directamente a palavra. Não é o leitor quem lê coisas sobre Deus. É Deus quem toma a iniciativa e intervém na pessoa. Na «Leccio Divina» Deus fala e dirige-se a alguém individualmente. A única coisa que o leitor pode fazer é prestar-se o melhor possível à acção dessa Palavra. Na «Leccio Divina» mais que leitor é-se ouvinte. Escuta-se O que vem golpear os nossos ouvidos, sobretudo os ouvidos do coração (cf. LOUF, André, “El camino cisterciense - En la escuela del amor”, Editorial Monte Carmelo, Burgos, 2005, pg. 85).
Portanto, os monges, dedicamos, em cada jornada monástica, um tempo abundante e conveniente a esta santa e fecunda leitura: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, meu Pai o amará, viremos a ele, e faremos nele a nossa morada” (Jo 14.23).
As Mongas Concepcionistas, gostam e precisam de se sobrealimentar com os textos inspirados, pois, estes ajudam-nas a manter-se firmes e fiéis no seu posto, “o coração da Igreja”, enquanto, no seu coração, vai crescendo, ocupando espaço e tomando conta daquilo que Lhe pertence: o Três vezes Santo (cf. Ap 4, 8), o Deus Santo, o Deus Forte, o Deus Imortal.

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