segunda-feira, 27 de junho de 2011

A vida alimenta-se de uma Mãe:
A IMACULADA.
O coração tem um ninho:
O SACRÁRIO.
O sofrimento tem um algum:
A CRUZ.

frase atribuída a
Santa Beatriz da Silva

domingo, 19 de junho de 2011

A Loucura da Vida Contemplativa
Testemunho

19 de Agosto de 1894
«Fico muito satisfeita, minha querida irmãzinha, por tu não sentires atracção sensível ao vires para o Carmelo, é uma delicadeza de Jesus que quer receber de ti um presente. Ele sabe que é muito mais doce dar do que receber. Temos só o breve instante da vida para dar a Deus… e Ele prepara-se para dizer: «Agora é a minha vez…» Que felicidade sofrer por aquele que nos ama até à loucura e passar por loucas aos olhos do mundo. Julgam-se os outros por si mesmo, e como o mundo é insensato pensa naturalmente que as insensatas somos nós!... Mas no fim de contas, não somos as primeiras, o único crime que foi censurado a Jesus por Herodes foi o de ser louco e eu penso como ele!... sim era loucura procurar os pobres dos coraçõezitos dos mortais para deles fazer seus tronos, Ele o Rei de Glória que está sentado sobre os querubins…Ele a quem nem os céus podem conter…Estava louco o nosso Bem-amado, os seus íntimos, os seus semelhantes, Ele que era perfeitamente feliz com as duas pessoas adoráveis da Trindade!... Nunca poderemos fazer por Ele as loucuras que fez por nós, e as nossas acções não merecem este nome, porque são apenas actos muito razoáveis e muito abaixo daquilo que o nosso amor queria realizar. Portanto, o mundo é que é insensato visto que ignora o que Jesus fez para o salvar, é o açambarcador que seduz as almas e as conduz a fontes sem água… Nós também não somos nem preguiçosas nem pródigas. Jesus defendeu-nos na pessoa de Madalena. Estava à mesa, Marta servia, Lázaro comia com Ele e com os discípulos. Quanto a Maria, não pensava em tomar alimento mas em dar prazer Àquele que amava, por isso pegou num vaso de perfume de elevado preço e derramou-o sobre a cabeça de Jesus quebrando o vaso, então a casa toda ficou cheia do odor do perfume mas os Apóstolos murmuravam contra Madalena…Foi mesmo como para nós, os cristãos mais fervorosos, os sacerdotes acham que somos exageradas, que devíamos servir como Marta em vez de consagrar a Jesus os vasos das nossas vidas com os perfumes que neles estão encerrados…E todavia, que importa que os nossos vasos sejam quebrados se Jesus é consolado e se o mundo, mesmo sem querer, se vê obrigado a cheirar os perfumes que deles se exalam e que servem para purificar o ar envenenado que constantemente respira.»
Santa Teresa do Menino Jesus

sábado, 18 de junho de 2011

Mosteiro da Imaculada Conceição
Campo Maior
Sor María Helena de Jesus


O dia 11 de Junho, dia da minha profissão temporal, foi um dia de serenidade, de paz, de alegria e gozo por pertencer ao Senhor de uma maneira tão especial. Deixo-vos o que fui sentindo ao longo da cerimónia.
Eu sei que não quero perder o olhar de Deus nem perder-me pensando só em mim, não quer cansar nem cansar-me, mas entusiasmar-me com Deus e com esta vocação que me deu. Não quero só contemplar a Deus, quero deixar-me contemplar por Ele. Não quero só procurar sem pressa e sem limites mas deixar-me procurar. Não quero só alcançar uma meta mas deixar-me alcançar pelo Amor. Sei que quem procura não sou eu, há alguém que me procura sem cessar, e a quem hoje disse sim, para além dos meus medos, de todas as minhas fragilidades, quero permanecer contigo.
Tive a presença alegre da minha comunidade, do Senhor Arcebispo, de muitos sacerdotes, de muitos amigos e da minha família que se alegra comigo.
Obrigado pelas vossas orações.
(Texto publicado em Espanhol na página Web da Federação Santa Maria da Guadalupe da Ordem da Imaculada Conceição a que pertence o Mosteiro de Campo Maior. Tradução para o Português da responsabilidade do autor deste blog)

sexta-feira, 17 de junho de 2011


Profissão de votos temporários em Campo Maior

“Eu, Soror Maria Helena de Jesus, a exemplo e em honra de Maria Imaculada, livre e voluntariamente consagro-me a Deus com todo o meu ser e comprometo-me a seguir a Cristo segundo a forma do Santo Evangelho e a viver em fraternidade.” Foi com estas palavras que Soror Maria Helena de Jesus, de 33 anos, natural de Reguengos de Monsaraz, Arquidiocese de Évora, fez a profissão religiosa de votos temporários na Ordem da Imaculada Conceição, fundada por Santa Beatriz da Silva. Conforme nota daquela Ordem, desde esse dia, “Soror Maria Helena de Jesus já não se pertence a si mesma, mas todo o seu está consagrado totalmente a Deus, desposando-se com Jesus Cristo nosso Redentor, em honra da Conceição Imaculada de Sua Mãe, pela profissão dos conselhos evangélicos de obediência, sem próprio e em castidade, vividos em comunhão fraterna e em perpétua clausura, por 3 anos” (cf. CC. GG. 2).

A cerimónia, presidida por D. José Alves, Arcebispo de Évora, e concelebrada por cerca de uma dezena de sacerdotes, decorreu no passado dia 11 de Junho, na igreja do Mosteiro da Imaculada Conceição de Campo Maior, que se encheu de familiares, amigos e irmãos na fé, muitos oriundos de Reguengos de Monsaraz, comunidade onde a Soror Maria Helena de Jesus cresceu na fé, para se associarem ao compromisso que a jovem fez com Deus.

À homilia, D. José Alves referiu que o “mais importante não é a rapidez das decisões, mas sim a correcção das decisões que cada um toma, o seu fundamento e firmeza, já que a vida só se vive uma vez”, acrescentando que “a candidata à vida religiosa deverá estar ciente que a vida de clausura não pode ser motivada por uma qualquer necessidade de fugir do mundo. A verdadeira razão de uma vida de clausura é a resposta a um forte apelo de viver em grande intimidade com Deus. A monja não foge do mundo, mas corre e procura por todos os meios encontrar-se com Deus”.

O Arcebispo de Évora sublinhou que “Deus fala sempre no silêncio, pois Deus não fala no barulho, nem a voz de Deus se ouve com os ouvidos do corpo, mas só com os ouvidos da alma. Por isso, o silêncio não é um sacrifício mas sim um gozo porque é um silêncio habitado”, explicando que “a alma cristã só experimenta a alegria de viver quando unida a Deus. Monja de clausura proporciona essa ligação estreita com a origem da vida. Quanto maior for essa união, maior será a alegria que experimenta. Assim se explica a alegria permanente das monjas, pois não vieram para o Mosteiros carpir tristezas, mas viver em alegria permanente”.

“Hoje a Irmã Maria Helena de Jesus dá-nos também esta garantia que no silêncio, na oração, na vida de comunhão fraterna se encontra Deus e em Deus se encontra a mais forte razão de viver, o Amor, tal como encontrou há mais de 500 anos Santa Beatriz da Silva”, concluiu o Prelado.

Após a homilia, decorreu o interrogatório feito pelo Arcebispo de Évora, com a noviça ajoelhada, que respondeu “sim quero” às questões colocadas. Seguiu-se a invocação da Graça Divina. Ao terminar a oração, a Vigária e a Mestra de Noviças aproximaram-se do lugar da Abadessa, sendo testemunhas. A Noviça ajoelhou-se e com as mãos juntas entre as da Abadessa, disse a fórmula da Profissão. Emitida a profissão, a neoprofessa recebeu da Abadessa as insígnias, nomeadamente: o manto, o véu, a Regra e a Medalha. O rito da profissão terminou com as Irmãs a darem a paz à comunidade.

Nas palavras de agradecimento que dirigiu aos presentes, Soror Maria Helena de Jesus revelou que “estar a viver este inicio desta caminhada é importante e agradeço as palavras do senhor Arcebispo, pois a vida religiosa é isto, viver num silêncio que faz crescer e que ajuda à intimidade com Deus”.

“Neste momento posso dizer-vos que estou feliz nesta opção e nesta escolha. Espero que o Senhor me ajude a continuar. E que ajude desde aqui a cada um de vocês”, concluiu sob um forte aplauso de todos os presentes.

No final, Soror Maria Helena de Jesus agradeceu pessoalmente a todos os presentes, contagiando, no seu sorriso, o júbilo pelo compromisso definitivo com Deus.

Conhecida em Reguengos de Monsaraz, de onde é natural, como Lena Cachaço, Sor Maria Helena de Jesus retirou-se para o convento de Nossa Senhora da Conceição de Campo Maior há já três anos. Depois de um ano de postulante, recebeu hábito e inseriu-se na comunidade como noviça. Após dois anos de noviciado, este foi o momento de uma consagração mais forte e decisiva.

in Semanário "A DEFESA", 15 de Junho de 2011 - Ano LXXXVIII - nº4518, pg. 7

sexta-feira, 3 de junho de 2011

«Queridas Irmãs,
dirijo a cada uma de vós as palavras do salmo 124 (125): “Enche de bens, Senhor, aos bons e aos rectos de coração” (v. 4.) Saúdo-vos sobretudo com este augúrio: esteja sobre vós a bondade do Senhor.
A Oração Litúrgica, como claustrais, marca os ritmos dos vossos dias e torna-vos intérpretes da Igreja-Esposa, que se une de forma especial, com o seu Senhor.
Ordenada a esta oração coral, que encontra o seu cume na participação quotidiana no Sacrifício Eucarístico, a vossa consagração ao Senhor no silêncio e no ocultamento torna-se fecunda e cheia de frutos, não apenas em ordem ao caminho de santificação e purificação, mas também em relação a esse apostolado de intercessão que fazeis por toda a Igreja, para que possa aparecer pura e santa na presença do Senhor. Vós que conheceis bem a eficácia da oração, experimentais em cada dia quantas graças de santificação esta pode obter na Igreja.
Queridas Irmãs, a comunidade [contemplativa] que formais é um lugar em que o Senhor pode morar; esta é para vós a Nova Jerusalém, para a que sobem as tribos do Senhor para louvar o nome do Senhor (cfr Sl 121,4). Sede agradecidas à divina Providência pelo dom sublime e gratuito da vocação monástica, à que o Senhor vos chamou sem mérito algum da vossa parte. Com Isaías podeis afirmar “o Senhor me plasmou desde o seio materno” (Is 49,5). Antes ainda que vós nascêsseis, o Senhor tinha reservado para Si o vosso coração para o poder encher do seu amor. Através do sacramento do Baptismo recebestes em vós a graça divina e, imersas na sua morte e ressurreição, fostes consagradas a Jesus, para lhe pertencer exclusivamente. A forma de vida que recebestes, na modalidade de clausura, coloca-vos, como membros vivos e vitais, no coração do corpo místico do Senhor, que é a Igreja; e como o coração faz circular o sangue e mantém com vida o corpo inteiro, assim a vossa existência escondida com Cristo, entretecida de trabalho e de oração, contribui para sustentar a Igreja, instrumento de salvação para cada homem que o Senhor redimiu com o seu Sangue.
É a esta fonte inesgotável a que vos aproximais com a oração, apresentando na presença do Altíssimo as necessidades espirituais e materiais de tantos irmãos em dificuldade, a vida sem sentido de quantos se afastam do Senhor. Como não ter compaixão por aqueles que parecem andar perdidos sem meta? Como não desejar que na sua vida aconteça o encontro com Jesus, o único que dá sentido à existência? O santo desejo de que o reino de Deus se instaure no coração de cada homem, identifica-se com a própria oração, como nos ensina Santo Agostinho: Ipsum desiderium tuum, oratio tua est; et si continuum desiderium, continua oratio (cfr Ep. 130, 18-20) [O próprio desejo de ti é oração tua; e se o desejo continua, continua a oração]; por isso como fogo que arde e nunca se apaga, o coração permanece de pé, não deixa nunca de desejar e eleva sempre a Deus o hino de louvor.
Reconhecei por isso, queridas Irmãs, que em tudo o que fazeis, mais além dos momentos pessoais de oração, o vosso coração continua a ser guiado pelo desejo de amar a Deus. Com o bispo de Hipona, reconhecei que foi o Senhor que pôs nos vossos corações o seu amor, desejo que dilata o coração, até torná-lo capaz de acolher o próprio Deus (cfr In O. Ev. tr.40, 10). É este o horizonte da peregrinação terrena! Esta é a vossa meta! Por isto escolhestes viver no ocultamento e na renúncia aos bens terrenos: para desejar acima de tudo esse bem sem igual, essa pérola que merece a renuncia a qualquer outro bem para possuí-la.
Que possais dizer todos os dias o vosso “sim” aos desígnios de Deus, com a mesma humildade com que a Virgem Santa disse o seu “sim”. Ela que no silêncio acolheu a Palavra de Deus, vos guie na vossa consagração virginal, para que possais experimentar no ocultamento a profunda intimidade vivida por Ela com Jesus.»
Benedictus XVI
Visita ao Mosteiro Dominicano de Santa Maria do Rosário,
da Homilia na celebração da Hora intermédia,
24 de Junho de 2010

quinta-feira, 2 de junho de 2011

"CONSAGRO-ME A DEUS
COM TODO O MEU SER..."
No próximo dia 11 de Junho, às 11.30h no Mosteiro da Imaculada Conceição, em Campo Maior, a vida de Sor Maria Helena de Jesus vai dar uma reviravolta, com a profissão religiosa de votos temporários na Ordem da Imaculada Conceição, fundada por Santa Beatriz da Silva. A partir desse dia, Sor Helena já não se pertencerá a si mesma, mas todo o seu ser será consagrado totalmente a Deus, desposando-se com Jesus Cristo nosso Redentor, em honra da Conceição Imaculada de Sua Mãe, pela profissão dos conselhos evangélicos de obediência, sem próprio, e em castidade, vividos em comunhão fraterna e em perpétua clausura, por 3 anos (cf. CC. GG. 2).
Sor Helena de Jesus descobriu a pérola precisosa, o tesouro que é Jesus e vendeu tudo o que tinha e fazia, para comprar o campo onde se encontrava o tesouro. Este campo é o seu próprio ser. Através do silêncio,da intimidade com Cristo na oração diária e continua, esta jovem agarrou a sua vida com as duas mãos e dia 11 entrega-a a Quem gratuita e generosamente lha tinha oferecido. Uma vida que não se perde, como pensam alguns, mas uma vida que se torna fecunda, porque Deus a acolhe e a distribui pela Humanidade como semente de vida; recordando que não temos aqui morada permanente. A Irmã Concepcionista, ao consagrar-se a Deus pela contemplação, consagra-se também ao serviço dos homens, aos quais tem presentes, de um modo mais profundo na intimidade de Cristo (LG 46).
Na véspera da Solenidade de Pentecostes, a Sor Helena, cheia do Espírito Santo, pronunciará o seu sim. Um sim à missão que Deus lhe confia. A missão de ser testemunha da ressurreição, da vida que nos é oferecida pelo sacrifício da morte e mistério de ressurreição de Jesus.
Após vários anos de intensa actividade apostólica, Sor Helena, fazendo voto de clausura por amor
de Cristo, renúncia ao serviço imediato da promoção do homem e à presença física no mundo, convertendo-se em semente fecunda que do sulco aponta para a ressurreição, em contemplação, onde Cristo renasce cada dia ao mundo e em anuncio peculiar da morte do Senhor até que Ele volte (CC. GG. 61). Tal como a Virgem Imaculada e Santa Beatriz, Sor Helena, liberta das preocupações terrenas, mostra à Humanidade os bens celestiais presentes já neste mundo (Cf. CC.GG. 116).
Sor Maria Helena de Jesus inicia uma nova etapa na sua caminhada vocacional e recorda, com gratidão e alegria, a história de amor que Deus foi fazendo com ela ao longo destes 33 anos. Foi um percurso com luzes e sombras. O seu bordão foi o amor e a misericórdia do Senhor, que a escolheu desde o ventre materno, para testemunhar que Deus é o absoluto da vida do ser humano e este só encontra a plenitude, quando caminha pela estrada da vida pela mão do seu Criador e Redentor.
Ordem da Imaculada Conceição
Comunidade monástica Concepcionista de Campo Maior